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A ideia de um Eu unificado


Diversos neurocientistas, como Daniel Dennet, Vilayanur Ramachandran, e outros, têm descoberto que aquilo que consideramos como a ideia de um Eu, aquilo que sou, o que identifica o sujeito, é uma ilusão.

Daniel Dennet[1] apud Nogueira (2002) diz que temos uma falsa idéia pré-concebida da mente como sendo uma espécie de teatro onde as imagens e pensamentos se sucedem em nossa cabeça como se estivessem num palco e nós as olhamos ao longe como se fôssemos espectadores. Na verdade não é isso que ocorre. Há uma constante sucessão de pensamentos, recordações, sensações, projetos, sentimentos que disputam nossa atenção e que passam por nossa consciência de forma não linear. Uma sucessão de “vozes” em disputa conversando entre si. A forma que encontramos de dar sentido a isso é dizer que há um Eu que o está experimentando. Mas esse Eu unificado e separado das experiências é apenas um conceito.

Vilayanur Ramachandran[2] cunhou o conceito de “zumbis” para falar das atividades das vias cerebrais que, combinadas, são responsáveis por processos que não passam pela consciência. São comportamentos automáticos que ele chama de “zumbis” e que também contraria a ideia de um Eu unificado. Afirma ainda que, na verdade, há uma ilusão de Eu, a partir de vários processos que favorecem a criação da ilusão de um Eu unificado.

Para Damásio (2005), é a reativação constante de imagens atualizadas sobre a nossa identidade, em uma combinação de memórias do passado e idéias do futuro planejado, que vão constituir uma parte considerável do estado que chamamos de Eu.

[1] Autor de A perigosa idéia de Darwin: A evolução e os significados da vida. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

[2] Vilayanur S. Ramachandran – dirige o Centro de Estudos do Cérebro e Cognição da Universidade da Califórnia em San Diego – EUA. Autor do livro Fantasmas no Cérebro.


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